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Review de Persona 2: Innocent Sin – Rumores se tornando realidade

Sumário

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Persona 2, o segundo capítulo da hoje famosa franquia derivada de Shin Megami Tensei, foi lançado pra PlayStation, 2 anos depois de seu antecessor, mas ao contrário deste nunca havia visto localizado de forma oficial no ocidente. Os motivos disto até hoje são um tanto incertos, e as explicações vão desde falta de
pessoal disponível até elementos pesados demais para serem mostrados em um jogo da época.

De todo modo, um patch de tradução foi eventualmente feito por fãs e anos mais tarde (mais especificamente 12 anos após seu lançamento original), Innocent Sin era finalmente lançado no ocidente, desta vez para o então portátil da Sony, o PSP. Portanto, demos uma averiguada mais detalhada no que esse segundo jogo do tão famoso spin off de Shin Megami Tensei tem a oferecer e sim, com enormes e cavalares spoilers!

Rumores, pecados inocentes e profecias maias

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Persona 2 Innocent Sin conta a história de Tatsuya (apesar do seu nome poder ser modificado pelo jogador), o típico protagonista mudo (mas com algumas peculiaridades, como seu visual mais cool e o hábito de sempre abrir e fechar um isqueiro quando está pensativo), que no começo do game é desafiado por alguém de uma escola rival, e se dirige até lá acompanhado de sua colega (que é descaradamente caidinha por ele) chamada Lisa.

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Lisa, mais tarde apelidada de Ginko, uma garota de aparência e família ocidentais, que não sabe uma palavra de inglês e é fissurada em filmes de artes marciais chinesas, usando até mesmo algumas palavras dessa língua em seu vocabulário

Junto de sua colega, Tatsuya se dirige até a outra escola da cidade, onde encontram Eikichi, chamado por seus amigos de Michel (um rapaz extremamente narcisista e que sonha em ser um astro da música, coisa que é refletida em seu visual extravagante), que no fim das contas só queria que o silencioso protagonista se tornasse membro da sua banda. No meio da conversa, o grupo acaba participando de um jogo popular na cidade chamado Joker game, e as coisas não acabam saindo muito bem…

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Uma figura estranha chamada Joker surge, e alguns colegas de Michel acabam tendo suas ambições, sonhos e vontade de viver sugadas, se transformando em simples sombras de si mesmos (que vão aos poucos sendo apagadas da memória das pessoas). Contudo, com Tatsuya, Lisa e Michel, Joker age de forma diferente, pois aparentemente conhece eles e fica extremamente irritado quando estes (especialmente Tatsuya) dizem não recordar do que fizeram e os ataca sem pensar.

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Nesse momento os personagens despertam suas Personas e são levados a um lugar estranho onde se encontra Philemon, a enigmática figura já presente no jogo anterior, relacionada com o inconsciente coletivo das pessoas, e que dá a elas a habilidade de materializarem facetas de suas personalidades. Após o ocorrido, os personagens acordam, e Joker desaparece e o trio então se vê envolto em várias situações envolvendo rumores que, ao serem espalhados pela cidade, acabam se tornando realidade. Aparentemente, o macabro arlequim também havia sido derivado de um deles e, para voltar os colegas de Michel ao normal, o grupo vai à procura de mais rumores, na esperança de encontrarem o dito cujo novamente.

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No meio de um dos casos encontram com duas mulheres adultas que estavam investigando a estranha materialização de rumores pela cidade. Uma delas era Yukino, uma personagem do primeiro Persona, que agora trabalhava de fotógrafa. E junto dela vinha a carismática Maya, uma repórter cuja animação era inversamente proporcional à sua habilidade atrás de um volante.

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Maya é disparada a melhor personagem do jogo, e logo em sua primeira aparição isso se torna bem evidente


Ambas também são capazes de invocar Personas (Yukino por motivos óbvios, já que era personagem do jogo anterior)e se juntam ao grupo em sua caçada ao Joker. Aparentemente ele é a causa dos rumores se tornarem realidade, além de liderar um estranho grupo chamado Masked circle, com cada um dos membros dessa organização estando relacionado a um signo do zodíaco e, tal como seu líder, também absorvem a “ideal energy”(o mesmo que Joker sugou dos amigos de Michel no começo do game, a vontade de viver de cada um) das pessoas, transformando uma infinidade delas em sombras vazias. Quanto mais membros desse grupo Tatsuya e cia vão derrotando, mais estranha a situação vai ficando, com todos os personagens percebendo que havia algo importante que estavam se esquecendo.

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King Leo, um dos integrantes do Masked circle, que também revela conhecer os personagens de algum evento passado


Eventualmente a equipe descobre que na verdade todos se conheciam quando crianças e juntos formaram uma turma de amigos, onde todos usavam máscaras e se chamavam… The masked circle! Contudo, após um deles, a jovem Maya, dizer que iria embora, a situação tomou rumos catastróficos, com todos trancando ela num templo, que posteriormente começou a pegar fogo. Após isso, todos eles se esqueceram do ocorrido (incluindo a própria Maya, que com isso adquiriu uma fobia ao fogo), exceto por alguém: um tímido menino chamado Jun, que pensa que seus amigos mataram Maya e se revolta, se tornando Joker!

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Felizmente o grupo consegue mostrar a verdade pra Jun, e ele volta ao normal. Porém o nível dos rumores já havia tomado um rumo absurdo, a ponto de certa figura megalomaníaca histórica aparecer comandando seu exército gigantesco de robôs nazistas: Adolf Hitler!

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Hitler foi um tanto censurado na versão ocidental do jogo, portando um óculos escuro, além de todas as suásticas do game terem sido removidas


E mais: uma nave alienígena gigante pousa na cidade, tudo também graças aos rumores! Com robôs nazis e aliens pra enfrentar, a equipe decide ir ao assalto final e libertar todas as pessoas que se tornaram sombras de si mesmas. E após detonarem o déspota ditador alemão, descobrem que na verdade ele era Nyralathotep, uma contraparte de Philemon, que também observava a humanidade no passar das eras dentro do inconsciente coletivo, mas ao contrário da figura com máscara de borboleta, ele decidiu agir, se passando pelo pai de Jun e posteriormente tomando a forma de Adolf Hitler.

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Contudo, mesmo após sua derrota, Nyralathotep ainda consegue matar Maya e com isso cumprir a profecia também espalhada pelos rumores, fazendo os planetas se alinharem, a rotação da Terra parar e tudo ser destruído (sim, exatamente como profecia Maia do fim dos tempos.

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Com isso, Philemon dá aos personagens uma alternativa: a de apagarem da história os eventos que os levaram a se conhecer (e consequentemente a tudo aquilo acontecer), criando assim uma timeline alternativa, onde todos se esqueceriam do tempo que passaram juntos. Pela falta de opções, o grupo aceita e um novo rumo dos acontecimentos é criado, com Nyralathotep nunca obtendo sucesso nos seus planos, mas com Tatsuya, Lisa, Eikichi, Maya e Jun nunca terem se conhecido.

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A história de Persona 2 é uma melhoria absurda da de Persona 1 em todos os aspectos. O cast não é mais apenas um bando de personagens rasos, com todo o elenco tendo sua devida participação na história, além de personalidades bem construídas, especialmente se tratando de Maya. E não apenas isso, pois todos os eventos da narrativa, o mistério construído em torno da figura de Joker e tudo o mais, está relacionado diretamente com essas pessoas, tornando tudo bem engajante e prazeroso de se acompanhar.

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Claro que o final deixa um gosto agridoce na boca, pois todo esse relacionamento dos personagens, essa construção deles como pessoas ao se lembrarem do seu pecado inocente e de superarem juntos essa mácula foi simplesmente apagado, varrido da existência e, no desfecho final, a trama deixa a sensação de que tudo foi resetado para que as consequências de tudo que aconteceu tenham sido apagadas. Contudo, no decorrer do desenvolvimento de Persona 2 Innocent Sin, Tadashi Satomi (o escritor da narrativa) já estava pensando em criar uma continuação, que levaria em conta o ponto de vista de outros personagens, resultado que seria visto um ano depois e… Enfim, isso é assunto para outra análise ou, melhor dizendo, outro jogo.

Um sistema de combate bem fraquinho

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O gameplay de Persona 2 segue a linha do seu antecessor, porém possui melhorias absurdas. Novamente o jogo é um RPG de turnos, onde o jogador pode controlar 5 personagens, que podem usar Personas dos mais diversos tipos, tornando bem diversificadas as estratégias que o jogador poderá usar.

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Uma nova opção foi adicionada ao gameplay, a de Fusion Spells, que nada mais é do que uma combinação de skills de duas ou mais Personas, que podem resultar em um ataque avassalador, ou uma magia de suporte extremamente útil. Isso amplia ainda mais o leque de possibilidades para o jogador, além de diminuir consideravelmente a necessidade de grinding para se derrotar adversários mais poderosos.

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Falando em Personas, para se conseguí-las é novamente necessário a fusão de spell cards adquiridas através da conversa com os demons. Contudo essa opção agora ficou bem mais abrangente, pois eles também podem fazer perguntas de volta, além de mais de um personagem poder interagir com o inimigo ao mesmo tempo

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Os demon talk são disparados o ponto mais interessante do combate de Innocent Sin, existindo uma infinidade de combinações e reações hilárias por parte dos personagens e também dos inimigos. O problema é que existem muitas combinações, e o jogador pode facilmente ficar confuso sobre qual opção é melhor para qual inimigo, já que ao mesmo tempo que eles podem ficar felizes e dar dinheiro ou itens, podem ficar com medo e fugirem, com raiva e atacarem e interessados e firmarem um pacto, cedendo então cartas.

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Sim, o demon talk é a melhor coisa do combate de Persona 2 Innocent Sin, já que os combates em si são… Extremamente fáceis. Certo, os inimigos possuem fraquezas, vantagens e desvantagens, porém os embates são tão fáceis que isso não exigirá muitas estratégias por parte do jogador, que pode conseguir obliterar tudo que se move sem muito esforço, ainda mais na versão de PSP, onde o modo normal é muito mais fácil que o da versão original de PS1.

Transformando demônios em personas

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A Velvet Room está de volta, sendo o local para se fundir as cartas. O método de fusão ficou um pouco mais complicado(sendo necessário várias cartas do mesmo tipo pra se conseguir a Persona e em alguns casos até um item específico), sendo que algumas cartas sequer podem ser conseguidas de inimigos, precisando serem fabricadas na própria sala de veludo, usando free cards, que também são conseguidas com os demônios, só que apenas com aqueles os quais o jogador tiver feito um pacto. A exceção é a arcana Fool, que só pode ser conseguida com alguns diálogos muito específicos e difíceis de serem adquiridos.

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Todos os personagens ganham stats específicos quando sobem de nível, com exceção do Tatsuya, que ganha alguns pontos que o jogador pode distribuir a seu bel-prazer

Contudo, mesmo se o jogador achar muito trabalhoso conseguir Personas, o próprio jogo lha dá excelentes opções, com custo zero. São as ultimate personas, que tal como no primeiro game, para serem obtidas é necessário responder à algumas perguntas da maneira mais sensata possível, além de adquirir certos itens
extremamente fáceis de se conseguir no decorrer das dungeons.

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Ao contrário do jogo anterior, aqui a Persona equipada não sobe de nível. Para ela conseguir aumento de stats(que novamente, se forem maiores que os stats base do personagem, a diferença será acrescida nos atributos deste) é necessário que ela sofra uma mutação no final da batalha. Mutação é algo aleatório de acontecer (porém caso o personagem tiver um stat Luck alto e se ficar usando fusion spells que matam todos os inimigos na tela terá mais chances de fazê-la acontecer) e nela não só os stats da Persona afetada podem aumentar como também ela pode aprender uma skill nova ou mesmo ganhar a possibilidade de se transformar em outra totalmente diferente (esta última sendo disponível apenas em alguns casos).

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Existem ao todo 6 personagens jogáveis: Tatsuya, Lisa/Ginko, Eikichi/Michel, Maya, Yukino e Jun (sendo o 5º lugar revezado entre Yukino e Jun) e a diferença entre eles é basicamente a disposição dos stats e a variedade de Personas com as quais eles possuem afinidade. A party pode carregar um número pequeno de Personas (além das equipadas), e qualquer personagem pode trocar de Persona a qualquer momento, mesmo no decorrer da batalha, podendo assim se adaptar ao combate dependendo da ocasião… Não que o jogo exija muito nesse ponto, como foi anteriormente comentado.

A exploração do pecado inocente

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A movimentação do personagem, assim como a qualidade dos cenários, melhorou bastante, e felizmente isso se mantêm durante as dungeons, tendo sido abdicado a navegação em primeira pessoa do jogo anterior, apesar de ainda manter o sistema de batalhas randômicas. Agora também é possível salvar a qualquer momento, não necessariamente em locais específicos de save, o que diminui as chances do jogador levar um amargo game over após horas e horas desbravando uma dungeon. Contudo existem raros locais onde essa opção não é possível.

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As dungeons de Persona 2: Innocent Sin, no geral, são bem capengas e não passam de áreas gigantescas contendo caminhos alternativos com poucos ou nenhum puzzle. Claro que estão longe de serem algo abjeto como as vistas em Vagrant Story, porém deixam bastante a desejar.

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Porém, a cereja do bolo da exploração de Persona 2 é sem dúvidas o sistema de rumores. Sim, rumores aqui não são apenas uma ferramenta do plot, pois é possível para o jogador usá-los a seu favor, isso através da agência de detetives Kuzunoha (uma localidade já presente em outro jogo da Atlus, Shin Megami Tensei Devil
Summoner). Espalhar um rumor pode fazer surgir um shop em um local diferente ou conseguir enfrentar inimigos especiais.

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Existem vários desses espalhadores de rumores(mais precisamente, fofoqueiros) espalhados pela cidade e com eles você pode conseguir informações novas (alguns NPCs também cedem rumores/fofocam). Além disso os próprios demons podem espalhar rumores, permitindo até mesmo adquirir poderosas skills para as personas.

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O overworld está maior e deixou de ter batalhas randômicas. A cidade é separada por distritos e dentro de cada um deles é possível encontrar NPCs nas ruas, que podem dar informações, ou contar rumores

Além da Abandoned Factory, um local onde se podem reenfrentar quase todos os inimigos do jogo, além de alguns desafios extras, também existe aqui o Theater, uma localidade no mapa exclusiva do remake, onde o jogador pode participar de histórias separadas do plot , tendo seus níveis e espólios adquiridos
nelas mantidos na campanha principal. Existem 3 histórias disponíveis durante o jogo, porém originalmente era possível criar e compartilhar diferentes quests entre os jogadores, função que foi removida nas localizações do game.

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Graficamente falando, Persona 2 Innocent Sin é um jogo bem mais agradável aos olhos que seu antecessor. Os sprites dos personagens são muito expressivos e, não obstante a isso, todos possuem uma infinidade de portraits (os retratos) diferentes, deixando a narrativa muito mais interessante de acompanhar.

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A trilha sonora foi remasterizada, porém ainda é possível escutar os arranjos originais, para os mais conservadores. Enfim, Persona 2 Innocent Sin é realmente um jogo bonito e bem expressivo e, por mais que cenários 3D e personagens 2D não apeteçam tanto os olhos nos dias de hoje, o PS1 foi campeão em utilizar esse esquema, com esse jogo sendo certamente um dos resultados mais felizes dessa combinação.

Concluindo…

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Persona 1 trouxe o rascunho, a ideia inicial, de algo maior e Persona2: Innocent Sin é a arte final de tudo que ele fez. Personagens, plot, gameplay, absolutamente tudo foi melhorado, e por mais que seu sistema de combate seja bem mequetrefe (com exceção dos demons talks), que seus gráficos não sejam o que podia ser feito de melhor no PlayStation, tanto em sprites quanto em polígonos (Rhapsody II saiu no mesmo ano que ele, e dá uma surra em se tratando de portraits e sprites) e que o remaster não tenha adicionado muitas melhorias para o jogo base, o título ainda se sai extremamente bem, em especial por sua narrativa, repleta de personagens incríveis e carismáticos, participando de um mistério engajante envolvendo um pecado inocente.

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Portanto, por mais que a tecnologia nunca tenha estado a seu favor, Persona 2 Innocent Sin tem o seu
destaque, seja por ter personagens realmente memoráveis ou por ter uma história sobre o quanto nosso modo de pensar pode interferir na realidade em que vivemos. Ou mesmo por seus acontecimentos finais terem uma enorme consequência, levando a uma certa punição eterna.

Detalhe que também temos um podcast de Persona 2: Innocent Sin, então se quiser mais informações e opiniões mais elaboradas sobre o jogo, não deixe de dar uma conferida!

Pontos positivos:

  • Excelente cast de personagens
  • Narrativa engajante
  • Sistema de demon talk
  • Bom trabalho de pixel art

Pontos negativos:

  • Dificuldade praticamente inexistente
  • Exploração capenga
Metacritic Score
NOTA FINAL
75

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