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Review de Fallout 2 – Um RPG ainda mais radioativo

Sumário

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Fallout esteve longe de ser um sucesso mundial no seu lançamento (bem distante do rumo que os RPGs orientais estavam tomando, liderados por Final Fantasy VII), entretanto, ele influenciou, de certa forma, os RPGs ocidentais como um todo a partir daquele momento e, devido a sua boa aceitação, uma sequência foi lançada um ano depois, intitulada como Fallout 2: A Post Nuclear Role Playing Game. Posteriormente, a Interplay (responsável por ambos jogos da franquia até então), acabou sendo comprada pela Bethesda e com isso, o terceiro título da franquia (tal como os que o sucederam) foram transformados em jogos de tiro em primeira pessoa, alterando completamente o gameplay da mesma, e transformando os dois primeiros jogos em uma espécie de cult para os fãs, existindo até hoje uma certa dúvida sobre qual deles é superior ao outro.

tela inicial de fallout 2

Se você, leitor, já viu a nota no final da análise e a comparou com àquela dada ao título anterior, já deve imaginar o resultado desse debate tomando como base os argumentos ditos aqui, porém, ao invés de apenas conjecturar, vale a pena explorar melhor esse segundo título adiante… E claramente, com spoilers, caro leitor, então não seja um NPC escroto que bloqueia a passagem dos outros e prossiga com a leitura!

Um escolhido para salvar o mundo sem salvação

cutscene inicial de fallout 2

A história de Fallout 2 é contada 80 anos após os acontecimentos do primeiro jogo, o Vault Dweller, sendo expulso do seu Vault (após salvar a caralha do mundo todo de um computador zumbi mutante maluco que não sabia nem que o vírus que escolhera para fazer uma nova raça mundial deixava os infectados estéreis) e se dirigindo até uma localidade bem ao norte, onde fundou uma vila chamada Arroyo. O protagonista da vez é chamado de Chosen One (o escolhido) e é neto do lendário herói, e a anciã da vila diz para o mesmo que aquele lugar estava destinado a perecer e que ele deveria procurar um item chamado GECK para que todos ali se salvassem. Sim, é basicamente a mesma coisa do primeiro Fallout, com a diferença que agora o jogador é O Escolhido, alguém importante e respeitado, e destinado a fazer coisas grandes…

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Agora o mundo possui uma quantidade bem maior de localidades, como uma cidade apenas de Ghouls, a renovada Shady Sands que agora se cama New California Republic (tendo a garota Tandi do primeiro Fallout como presidente, com agora ela sendo praticamente uma múmia), a cidade de cassinos e mafiosos New Reno, entre vários outros locais e em cada um deles o Chosen One nota que aquela terra que um dia foram os Estados Unidos da América estava sendo influenciada por uma nova organização paramilitar que fez suas bases em Navarro, cujo poder bélico ultrapassava o da famosa Irmandade de Aço (Brotherhood of Steel). Enfim, após muito procurar, o protagonista encontra o Vault 13, que agora estava sendo morada de vários Deathclaws (monstros bem poderosos do primeiro jogo) inteligentes, e ali consegue finalmente o bendito GECK, com o qual poderia salvar sua vila da extinção.

diálogo de fallout 2

Porém, ao chegar na sua vila com as novidades, o Chosen One a encontra toda destruída, com os moradores sendo levados pra uma plataforma de petróleo no meio do oceano, local esse sendo a base da organização denominada Enclave (a responsável pelos paramilitares poderosos que andavam aparecendo) e, após conseguir botar para funcionar um navio petroleiro e ativar seu piloto automático, o protagonista consegue chegar no covil do inimigo, e lá descobre que tudo não passava de um plano bolado pelo governo dos Estados Unidos, com o próprio presidente sendo o real vilão da coisa toda.

vilão principal de fallout 2

Sempre, sempre desconfie de políticos…

Basicamente, o governo Americano, que havia criado os Vaults, sempre tivera um plano específico em mente, que era o de criar uma sociedade perfeita. O presidente também revela que modificaram o Vírus da Evolução Forçada (que no primeiro jogo transformava humanos em Mutantes Estéreis) para que matasse apenas indivíduos não humanos (como os próprios Mutantes, os Ghouls e afins), e pretendia lançá-lo no mundo todo, mas não sem antes testá-lo nos moradores de Arroyo (já que, como descendentes do Vault Dweller, possuíam certa peculiaridade no DNA, resultante do grande tempo de isolamento que os moradores do antigo Vault 13 sofreram). O Chosen One então enfia uma bala na cabeça do presidente maluco, mata seu principal jagunço, o Frank Horrigan e, após isso destrói a plataforma de petróleo, colocando um fim nos planos dos caras e partindo com seus conterrâneos para criar um novo lugar pra morar com a ajuda do GECK. E fim.

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Como existem mais localidades em Fallout 2, existem vários finais diferentes pra cada uma delas, dependendo das sidequests que o jogador decidiu fazer, e baseado em quais opções foram feitas. As interações com os NPCs ainda são afetadas pelos stats do jogador, porém agora também existe um sistema de Reputação separado por localidade, o que deixou o jogo mais variado nesse sentido de escolha e consequência. No geral, apesar de ainda ser simples, a narrativa de Fallout 2 acaba se saindo mais competente do que o seu antecessor, explicando vários acontecimentos que ocorreram anteriormente, além de dar um papel diferente para o protagonista, botando-o na pele de um escolhido, que precisa destruir o mal que assola o mundo desta vez: um político arrombado.

O gameplay igual, mas com algumas coisinhas a mais…

combate em fallout 2

Como Fallout 2 é praticamente igual ao primeiro Fallout, a review se focará nas diferenças entre ambos os jogos, portanto o que não for abordado aqui sofreu pouca ou nenhuma mudança. Enfim, o combate do jogo é exatamente como era no seu antecessor: um RPG de turnos onde é possível usar diversos tipos de armas para derrotar os inimigos a custo de pontos de AP. A variedade de equipamentos no geral aumentou consideravelmente, com o jogo acrescentando novos tipos de pistolas, munições e por aí vai.

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A party ainda é formada por NPCs controlados pela IA que possuem permadeath, porém agora ao menos é possível mudar os equipamentos deles de uma forma mais objetiva. Também aumentaram as possibilidades de personagens que podem ser recrutáveis (tendo mesmo um Ghoul, um Mutante e até um Deathclaw) e a quantidade de aliados é definida pelo stats Carisma do jogador, com o mesmo podendo chegar mesmo até 12 personagens na party. Pena que eles continuem burros como uma porta e ainda sejam donos de atirar no jogador, de fugir quando estão enfraquecidos e de ficarem na frente do caminho, impedindo a passagem (assim como os NPCs normais).

skills de fallout 2

O sistema GURPS da franquia, batizado de SPECIAL, persistiu aqui, e continuou praticamente o mesmo, com a diferença de que agora é possível ter 2 traits por personagem ao invés de uma, das skills poderem ser aumentadas em até 300%, além de ser um pouco mais complicado pra maximizá-las do que era antigamente.

Uma exploração idêntica à outrora, porém…

overworld em fallout 2

O mapa de Fallout 2, como foi anteriormente comentado, tem uma quantidade bem maior de localidades, portanto existem distâncias bem maiores a serem percorridas e, para compensar nisso, é possível adquirir um carro, que é abastecido com munição para armas de energia, encurtando as distâncias de uma maneira extremamente eficiente. Outro ponto muito legal adicionado no jogo se dá por conta do uso da skill Outdoorsman, agora que permite que o jogador tenha a opção de aceitar um encontro aleatório ou não, o que ajuda muito no early game, quando o carro ainda não está disponível.

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Os encontros especiais também aumentaram em quantidade, e possuem desde os Caveleiros da Távola Redonda até um portal que leva o jogador para o Vault 13 no passado, onde ele quebra o chip de água do lugar, o que causa o estopim da quest do Vault Dweller. O Alien Blaster – arma mais poderosa do jogo anterior – ainda pode ser adquirido, mas é bem mais difícil do que apenas encontrar um disco voador e pilhar os corpos dos ETs caídos no chão.

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Nas sidequests e interações disponíveis é onde fica mais notável os acréscimos que Fallout 2 fez, já que é possível para o Chosen One se casar (isso após transar com um dos 2 NPCs de uma vila uma única vez e ser obrigado pelo pai dos mesmos), vender seus personagens da party para mercadores de escravos, se prostituir (se O Escolhido for A Escolhida), virar uma estrela de um filme pornô, virar capanga de famílias mafiosas… As possibilidades são bem variadas, claro que ainda bem abaixo do que Ultima VII podia oferecer, mas o que certamente deixa o primeiro jogo no chinelo. Para muitos, o mundo ficou variado demais e com muita coisa a ser feita, o que acaba por ir contra o lore de ambiente pós apocalíptico que a franquia possui, o que não deixa de ser verdade, mas sendo um RPG eletrônico, uma mídia interativa, e tendo mais opções de interação termina sendo sim, um mérito para esta sequência.

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Fallout 2 também manteve a mesma falta de variedade de sprites que seu antecessor tinha e, apesar de novos tipos de inimigos terem sido inseridos (como criaturas que parecem o xenomorfo do filme Alien), ainda existe uma repetição bem grande de design de personagens aqui, com mulheres mais velhas parecendo jovens até que uma parede de texto diga o contrário. As cidades, em contrapartida, ficaram bem variadas e existe uma notável diferença estética entre muitas delas, o que aumenta bastante a noção de mundo para o jogador mesmo que ele ainda não passe de um monte de titles, com a maioria sendo áreas desertas sem graça. A trilha sonora também não alcançou grandes alturas por aqui, porém cumpre bem o seu papel, tal como o trabalho de dublagem.

Concluindo…

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Não há muito o que se dizer de Fallout 2, já que ele é como se fosse uma expansão do primeiro Fallout, algo que acrescenta mais conteúdo, mas que mantêm o mesmo jogo base (tipo um Blood and Wine de The Witcher 3 ou mesmo um Silver Seed de Ultima VII). Claro que, assim como foi dito no começo da review, isso o torna um jogo superior, já que ele adicionou mais coisas para o jogador fazer, porém, isso por si só, não o torna uma sequência magnífica, já que ainda mantêm alguns dos problemas de seu antecessor, como a IA terrível e a movimentação torpe dos personagens.

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No fim, Fallout 2, tal como seu antecessor, se sai muito bem e, por mais que não traga grandes novidades para a franquia, consegue refinar e melhorar vários aspectos do seu antecessor, tornando esse mundo pós apocalítico mais vasto para se explorar, com escolhas mais interessantes para se fazer (devido ao sistema de reputação) e com uma história mais peculiar, sendo não apenas um bom jogo como uma boa sequência e, como tal, merece ser conferido por qualquer rpgeiro que se preze.

Pontos positivos:
  • Maiores possibilidades para o jogador
  • Alguns elementos do primeiro jogo melhorados
Pontos negativos:
  • Certos problemas do primeiro jogo persistem
Metacritic Score
NOTA FINAL
73

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